A história da cerveja - Parte 4. O renascimento da cerveja na era moderna e tempos atuais
- Matheus Felipe Braga
- 27 de jun. de 2019
- 3 min de leitura

Tendo em vista o declínio da produção da cerveja (devido as outras opções de mercado que foram surgindo com o passar dos tempos), e a indecorosidade eminente (via cultura criada pelos gregos e romanos em prol da defesa de seus produtos nacionais para satisfação e enriquecimento da própria economia), ainda sim este produto crescia (mesmo tendo em vista que a plebe tinha suas limitações para desenvolver produtos mais complexos).

Séculos se passaram, o domínio romano recuou em declínio, e a ascensão de outros povos foi eminente. As regiões da Alemanha, Bélgica e Inglaterra foram palco para muitas guerras, antes mesmo de se tornarem nação. Estas regiões evoluíram muito ao longo dos séculos, não só militarmente mas, a nível técnico também (sabiam que somente com a força bruta, iriam perecer contra impérios mais inteligentes). E estas regiões, consideradas como bárbaras por Roma, detiveram grandes avanços, e não foi diferente na cerveja (que de fato era a bebida deles), criando estilos e tradições passadas de gerações por gerações, tornando-as únicas para cada uma dessas regiões.
A Inglaterra, com seus estilos de cervejas mais escuras e/ou alcoólicas, porém todas de padrão mais maltado ou lupulado, influenciou muitos países com seu domínio em navegações e descoberta do novo mundo. Bélgica teve seu destaque nos mosteiros, onde a cerveja era feita por padres e monges, e forasteiros e andarilhos partilhavam da bebida, que havia um sabor mais especial e complexo (não sabiam, mas era uma característica exclusivamente da levedura) e em grande parte das vezes muito alcoólica. A Alemanha por sua vez fazia cervejas leves, de grande prestígio para a realeza local e conquistando um grande número de devotos, visto que era consumida em alto volume, futuramente tornando-se altamente popular.

Com a idade média, vieram muitas baixas por falta de higiene ocasionando na peste negra, onde não se havia um entendimento do problema, pessoas tratavam essa doença como castigo divino. Por ventura, vários mosteiros faziam cerveja (líquido que necessita de questões sanitárias estéreis para uma possível produção - esquentar água ao ponto de pasteurização para ser possível trabalhar com enzimas), passaram a ser vistos como pureza e salvação, pois aqueles que bebiam cerveja não morriam. Vendo isso, o povo teve acesso ao único líquido que na época era seguro, por possuir processo de cozimento, matando assim bactérias, fungos e germes causadores de doenças, a cerveja passou a ser reconhecida em todo o mundo conhecido até o momento como algo divino, e por isso evitou uma extinção em massa da nossa espécie.

Passado este tempo sombrio em que a peste negra paerava sobre as terras do "antigo mundo", veio a descoberta do "novo mundo" e a conquista de terras para muitos países representava poder. Com isso tornou-se necessário viajar para descobrimentos e comercializações, os então países começaram a ver a necessidade comercial ligada ao contato de outros países para poderem fazer mais dinheiro e um contínuo crescimento, ocasionando em inovações tecnológicas, revolução na indústria, domínio de técnicas e explicações para as coisas até então não entendidas pelo homem, transformando assim a cerveja que era um líquido tradicional, porém não devidamente padronizado, em um produto com alta tecnologia em processos de padronização, promovendo a mesma em um produto com a mesma qualidade o ano inteiro, num controle rígido. Com este avanço, a cerveja que já era popular, se consagrou, se fazendo o líquido alcoólico mais consumido da atualidade.

Com este domínio tecnológico na cerveja, passou-se a existirem marcas grandes, com isso, houve o trabalho para fornecer mais líquido em mais quantidade para o cliente beber cada vez mais. Como sabemos, cerveja se tornou novamente um líquido com prestigio por toda a população, porém sem prestígio gastronômico como ocorria antigamente em épocas em que a realeza alemã buscava cervejas com sabores diferentes dos pobres. Então, com essa crescente da cerveja, também se viu a necessidade de existir pequenas empresas com a capacidade de criar e inovar o que conhecemos como cerveja, houveram estudos históricos sobre a bebida e novas tendências foram e estão sendo criadas. Nosso mercado artesanal ainda é novo perante a longa jornada histórica que a cerveja percorreu, por este motivo, afirmamos com certeza de que o mercado ainda tem muito o que crescer e conquistar, sob o olhar da inovação e bom gosto de seus criadores. Como cervejeiro e sommelier, afirmo aos meus colegas leitores, com muito orgulho: Força, trabalhem duro, persistam! O que estamos realizando é e fará parte dessa história contada!

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